27.12.11

Masks



Ele fugia de tudo e de todos, se escondia atrás de máscaras para que não pudessem ver sua real essência, tudo no mundo lhe fascinava, o mundo lhe embriagava com tantas descobertas a serem feitas a cada segundo, todas as cores, os sons, os toques... ah os toques, estes sim lhe fascinavam, o levavam à loucura e o faziam querer descobrir mais ainda os segredos que o mundo lhe escondia. Mas ele se esqueceu de olhar ao redor, ver que não era o único a usar máscaras, mas ao contrario dele, os que estavam ao seu lado usavam máscaras para esconder feições más, rudes, que perderam o brilho com o passar dos anos, e estavam levando-no para um abismo, ele se tornaria como eles, mas em seus sonhos ele vira pessoas assim, más, carrancudas, mas sonhos passavam por sua mente como borrões, sempre rindo dele... não, ele achava que estavam rindo com ele, quão ingênuo ele era, e os rostos sem faces - não dá para dizer que uma máscara seja uma face, não passa de uma maquiagem para esconder a amargura da vida, o empurravam cada dia mais para esse abismo, será que não haveria uma alma naquele lugar disposta a salvá-lo? a salvar a essência que fugia daquele jovem assim como a areia foge das mãos das pessoas quando estas estão a admirá-la e uma leve brisa chega?
Eis que ele agora percebia o que faziam e tentava fugir, mas então os rostos sem faces começaram a rir, riam dele, não riam com ele, e os sonhos - ou seriam delírios? avisos?, começavam a vir à tona, ele gritava, pedia para pararem, mas era tarde demais, ele teve seus avisos, teve suas chances, mas não quis ver, ele até olhava, ouvia o que lhe diziam, mas não via, não escutava e não raciocinava o perigo daquelas máscaras.
Agora ele era um deles, e tinha perdido o que lhe era de mais precioso.